Este espaço foi criado para trocar ideias e atividades da área de Lingua e Literatura, compartilhando com os colegas experiências vividas ao longo da minha profissão.

Língua

Gosto de sentir a minha lígua roçar
A língua de Luís de Camões
Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar
A criar confusões de prosódias
E uma profusão de paródias
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa
E sei que a poesias está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade (...)
(Caetano Veloso)

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Divulgando a Poesia Contemporânea

Olá Pessoal, resolvi abri um espaço para nossos poetas aqui no blog, desta forma estarei divulgando alguns poemas de amigos, colegas, alunos e visitantes do nosso blog. para iniciar estou publicando os poemas do poeta e professor gaucho Delalves Costa, degustem a vontade.


Mara



Esta poesia está no livro infanto-juvenil "O Menino dos cataventos na Rua dos passatempos", lançado em 2006 pela editora Ponto, de Osório/RS. Esta edição está esgotada nas livrarias, apenas o autor possui alguns exemplares para venda.

Um Sono tranqüilo

Pegue a noite mais escura

E misture ao leite.

Adicione estrelas

E planetas a gosto.

A seguir, leve ao fogo brando.

Quando o leite misturar-se à noite

– Acrescente para o deleite

Olhares

E sonhos a gosto

Por alguns minutos.

(E pronto!).

Sobre a mesa um sono tranqüilo.

As poesias abaixo pertencem ao livro "Iluminuras e fragmentos do discurso pre-maturo".

Maria e José

Acordam às seis quando não antes

José e sua impessoal Família.

Escovam o amargor do sono,

gargarejam o pesadelo

e penteiam o espreguiçar

de noites; mal-dormidos...

Vestia jejum, ainda, desconjuntado

– no rosto leite coalhado

no cabelo pão esmigalhado

e bocejo sol requentado

José e sua Família, nesse dia

sem o horário marcado!

O trabalho ficou no centro,

fechada no livro, a escola

no bolso furado, o mercado

e o almoço foi em família.

Neste dia, José se ajoelhou.

Maria, de oito semanas,

– antes da boca, bem servida

entre an(seios, incontida), engravidou.

A Ilha

Inspiração. A solidão

no canto da sala

e o peixe de aquário

espantado a namorá-la.

O só não cabe no olhar

do ego que se cala...

Afogado está o vazio

cheio de canto, na sala.

Solidão? Não. É inspiração

e só, mais nada.

O homem sono em claro

Amanheço. Os dias mal-dormidos

no calcanhar das noites

– roem lágrimas

nas ruas do tempo.

A vida é pedra! Na erosão,

o homem-escultura

– a terra violada

de pés

entardecidos.

Os relógios suam,

fedem à poeira.

– Desperto, o homem sono em claro.

As Roseiras

Flor sem cor é boca sem mente

Não calada na gente!

Às vezes me sinto pensando

nas línguas de pouca flor;

esse vento que sai falando

que cai na vida levando

faca, espinho e amargor...

e assim, nos fere deixando

as belas roseiras sem cor;

é vendaval que sai levando

que volta da rima falando

de ilusão, de sangue e dor.

Quando anda na gente

essa rima é pobre, é grito ausente!

É grito ausente

Que mata a linguagem do amor.

poeta gaúcho Delalves Costa