Este espaço foi criado para trocar ideias e atividades da área de Lingua e Literatura, compartilhando com os colegas experiências vividas ao longo da minha profissão.

Língua

Gosto de sentir a minha lígua roçar
A língua de Luís de Camões
Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar
A criar confusões de prosódias
E uma profusão de paródias
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa
E sei que a poesias está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade (...)
(Caetano Veloso)

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

A ilha - José j. Veiga


Camilinho vivia desconfiado que a gente devia ter um lugar escondido,só nosso, e andava sempre atrás adulando, oferecendo brinquedos, me deu uma lente de óculo, tão forte que até acendia papel no sol. Às vezes me dava remorso de ver o bestinha brincando sozinho uns briquedos sem graça de botar besouro para carrear caixa de fósforo, fazer zorra que nunca zoava, ajuntar folha de folhinha; mas quando falei para Tenisão que a gente devia levar Camilinho ao menos uma vez pra ver os brinquedos da ilha, Tenisão deu na mala, disse que nem por um óculo, que ele era muito chorão, parecia moenda.
Acho que um dia Camilinho pombeou nós três e viu quando tiramos a jangada da moita e atravessamos para a ilha. Quando foi de noite, na porta da igreja, ele me perguntou onde a gente tinha ido na jangada, e outro dia na escola um tal de Estogildo, menino muito entojado que vivia passando rasteira nos outros, disse que ele também ia fazer uma jangada pra passear longe no rio. Depois eu vi Camilinho muito entretido com garrucha de taquara, dessas que jogam bucha de papel, uma mesma que eu tinha visto na mão de Estogildo. Eu não contei pra Tenisão pra ele não bater no Camilinho, porque de nós três ele era o que mais não gostava de Estogildo; mas aí eu principiei a desconfiar que o brinquedo na ilha ia acabar acabando?
E nem demorou muito, parece até que eles estavam só esperando uma vaza. Passamos uns dias sem ir lá porque Tenisão andou com dedo inchado com panariz,doía muito, foi preciso lancetar, e briquedo sem ele desanimava. Nesses dias a gente ia pra beira do rio e ficava olhando a ilha. De longe ela parecia mais bonita, mais importante. Quando vimos o fumaceiro corremos lá eu e Cedil, Tenisão ainda não podia.
Estava tudo espandogado, a casa, a usina, os postes arrancados, o monjolinho revirado. Cedil chorava de soluço, corria pra cima e pra baixo mostrando os estragos, chamando a ruindade. Eu quase chorei também só de ver a tristeza dele. Para nós a ilha era brinquedo, para ele era consolo.
(José J. Veiga, A ilha dos gatos pingados. 6ª ed., Rio de Janeiro. Civilizações Brasileiras,1974)

1. Responda as questões seguintes, com base no texto " A ilha"
a)Quem é o autor do texto?
b)Quem é o narrador?
c) Qual a diferença entre autor e narrador?
d) Para conhecer bem este texto, você precisa saber mais sobre o autor, a infância dele. Por quê?


2. No texto, qual a posição que o narrador assume?

a) Narrador-observador b) Narrador-personagem?


3. Quais os personagens que brincavam na ilha?


4. para compor o texto, o narrador selecionou um conjunto de ações, opinões, fatos e falas das personagens relacionadas a um assunto central. Qual é ele?

a)A destruição dos brinquedos da ilha.

b)A destruição da ilha.

c)O sofrimento de Cedil.

d) Um incêndio ocorrido na ilha.


5. O texto pode ser dividido em 4 partes. Dê um título para cada parte.


6. Com que objetivo Camilinho dava presente para o narrador?


7. Por que Tenisão não aceitou que Camilinho fosse ver os brinquedos da ilha?

8. Na sua opinião, porque a ilha para Cedil era um consolo?